segunda-feira, 3 de agosto de 2009

MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS (Manuel Antônio de Almeida )

INTRODUÇÃO

Nascido no Rio de Janeiro em 1831, Manuel Antônio de Almeida teve existência meteórica, pois morre tragicamente, em 1861, com apenas 30 anos de idade, vitimado por um naufrágio na costa fluminense, ao viajar num vapor com destino a Canipós, no Estado do Rio.

Memórias de um Sargento de Milícias, sua única obra, foi publicado inicialmente, sob anonimato, na forma de folhetins, no suplemento dominical “A Pacotilha” do “Corréio Mercantil”, em 1852, jornal carioca onde trabalhava. Pouco tempo depois, a novela saia publicada na forma de livro, em dois volumes, respectivamente em 1854 e 1855, assinada com o pseudônimo “Um Brasileiro”.

Novela de costumes em que se sente a influência do teatro de Martins Pena com suas comédias costumbristas, o livro de Manuel Antônio inova pela linguagem realista e galhofeira, que não correspondia muito ao gosto da época, motivo por que não teve muita aceitação e parecia mesmo que estava fadado ao naufrágio, como, alias, aconteceu com o autor. o tempo, entretanto, encarregou-se de valorizar a obra, e, se não chegou a explodir, continua viva pelos anos afora e apreciada pelos cultores de unia boa leitura, a ponto de ser indicado para o vestibular da UFMG, já pela segunda vez.

A NOVELA COMO ESPÉCIE LITERÁRIA

Como espécie literária, a novela não se distingue do romance, evidentemente, pelo critério quantitativo, mas pelo essencial e estrutural.

Tradicionalmente, a novela é uma modalidade literária que se caracteriza pela linearidade dos caracteres e acontecimentos, pela sucessividade episódica e pelo gosto das peripécias.

Diferente do romance, a novela não tem a complexidade dessa espécie literária, pois não se detém na análise minuciosa e detalhada dos fatos e personagens. A novela condensa os elementos do romance: os diálogos são rápidos e a narrativa é direta, sem muitas divagações. Nesse sentido, muita coisa que chamamos de romance não passa de novela.

E interessante observar, como revela o critico Massaud Moisés, em Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira, que “as primeiras manifestações de nossa prosa de ficção seriam novelas, ou, pelo menos, estariam contagiadas por sua estrutura fundamental, visto ainda o romance estar apenas aparecendo, na Inglaterra.

Tão forte era o influxo e a tradição da novela que nossa ficção romântica não conseguiu desprender-se de todo: as pecas que hoje classificamos de romance, segundo critérios muito discutíveis, obedecem a um sistema de composição próprio da novela. Basta lembrar as narrativas de Alencar, notadamente as históricas, indianistas e regionalistas de Bernardo Guimarães, de Joaquim Manuel de Macedo, de Franklin Távora, ate culminar nas Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, uma acabada novela de cunho picaresco. Alterou-se a fisionomia social, mudaram os costumes, os tempos são outros, mas a estrutura guarda incontestável sujeição à da novela.”

RESUMO DO LIVRO

Em síntese, o enredo de Memórias de um Sargento de Milícias, “tecido, como observa Antônio Soares Amora no já citado Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira, com muitas peripécias e intrigas, que não deixam, ainda hoje, de entreter e prender o leitor, pode resumir-se na história da vida de Leonardo, filho de dois imigrantes portugueses, a sabia Maria da Hortaliça e Leonardo, “algibebe” em Lisboa e depois meirinho no Rio do tempo do Rei D. João VI: nascimento do “herói”, sua infância de endiabrado, suas desditas de filho abandonado mas sempre salvo de dificuldades pelos padrinhos (a parteira e um barbeiro); sua juventude de valdevinos; seus amores com a dengosa mulatinha Vidinha; suas malandrices com o truculento Major Vidigal, chefe de polícia; seu namoro com Luisinha; sua prisão pelo major; seu engajamento, por punição, no corpo de tropa do mesmo major; finalmente, porque os fados acabaram por lhe ser propícios e não lhe faltou a proteção da madrinha, tudo tem “conclusão feliz”: promoção a sargento de milícias e casamento com Luisinha”.

Para que se tenha uma idéia mais precisa do conteúdo do livro no que se refere ao enredo, vamos transcrever aqui o resumo elaborado pelo Prof. José Rodrigues Gameiro em estudo sobre Memórias de um Sargento de Milícias, no qual o presente trabalho está apoiado.

A obra é dividida em duas partes: a primeira com vinte e três capítulos e a segunda com vinte e cinco.

PRIMEIRA PARTE

I - Origem, Nascimento e Batizado. A novela se abre com a frase “Era no tempo do rei”, que situa a estória no século XIX, no Rio de Janeiro. Narra a vinda de Leonardo-Pataca para o Brasil. Ainda no navio, namora com uma patrícia, Maria da Hortaliça, sabia portuguesa. Daí resultou o casamento e... “sete meses depois teve a Maria um filho, formidável menino de quase três palmos de comprido, gordo e vermelho, cabeludo, espemeador e chorão; o qual, logo depois que nasceu, mamou duas horas seguidas sem deixar o peito”.

Esse menino é o Leonardo, futuro “sargento de milícias” e o “herói” do livro.

O capitulo termina com o batizado do garoto, tendo a “Comadre” por madrinha e o. barbeiro ou “Compadre” por padrinho, personagens importantes da estória.

II - Primeiros Infortúnios. Leonardo-Pataca descobre que Maria da Hortaliça, sua mulher, o traía com vários homens; dá-lhe uma surra e ela foge com um capitão de navio para Portugal.

O filho, depois de levar um pontapé no traseiro, é abandonado e o padrinho se encarrega dele.

III - Despedida às Travessuras. O padrinho, já velho, e sem ter a quem dedicar sua afeição, ficou caído pelo garoto, concentrando todos os seus esforços no futuro de Leonardo e desculpando todas as suas travessuras.

Depois de muito pensar, resolveu que ele seria padre.

IV - Fortuna. Leonardo-Pataca apaixonou-se por uma cigana que também o abandona. Para atraí-la novamente, recorre a feitiçarias de um caboclo velho e imundo que morava num mangue. Na última prova, à noite, quando estava nu e coberto com o manto do caboclo, aparece o Major Vidigal...

V - O Vidigal. Este capítulo descreve o Major - “um homem alto, não muito gordo, com ares de moleirão; tinha o olhar sempre baixo, os movimentos lentos, e a voz descansada e adocicada”. Era a polícia e a justiça da época, na cidade.

Depois de obrigar todos que se achavam na casa do caboclo a dançar, até não agüentarem mais, chicoteia-os e leva Leonardo para a “Casa da Guarda”, espécie de depósito de presos. Depois de visto pelos curiosos, é transferido para a cadeia.

VI - Primeira Noite Fora de Casa. Leonardo filho vai acompanhar uma “Via Sacra” de rua, muito comum naquela época, e junta-se a outros moleques. Acabam passando a noite num acampamento de ciganos. Descreve-se a festa e a dança do fado. De manhã, Leonardo pede para voltar para casa.

VII - A Comadre. Era a madrinha de Leonardo - “uma mulher baixa, excessivamente gorda, bonachona, ingênua ou tola até um certo ponto, e finória até outro; vivia do oficio de parteira, que adotara por curiosidade e benzia de quebranto...”. Gostava de ir à missa e ouvir o cochicho das beatas. Viu a vizinha do barbeiro e logo quis saber do que é que ela falava.

VIII - O Pátio dos Bichos. Assim era chamada a sala onde ficavam os velhos oficiais a serviço de El-Rei, esperando qualquer ordem.

No meio deles, estava um Tenente-Coronel a quem a Comadre vai pedir para interceder junto a El-Rei para soltar Leonardo-Pataca.

IX - O Arranjei-me do Compadre. O autor conta-nos como o barbeiro conseguiu arranjar-se na vida, apesar de sua profissão pouco rentável: improvisou-se de médico, ou melhor, “sangrador”, a bordo de um navio que vinha para o Brasil. O Capitão moribundo, entregou-lhe todas as economias para que as levasse à sua filha (do Capitão). Quando chegou a terra, ficou com tudo e nunca procurou a herdeira.

X - Explicações. O Tenente-Coronel interessara-se pelo Leonardo porque, de certa forma, ele o havia livrado de certa obrigação: seu filho, um desmiolado, é que havia infelicitado a tal de Mariazinha, a Maria da Hortaliça, ex-mulher de Leonardo. Por isso empenha-se e, por meio de um outro amigo, consegue que El-Rei solte Leonardo.

XI - Progresso e Atraso. Este capítulo é dedicado às dificuldades que o padrinho encontra para ensinar as primeiras letras ao afilhado e às implicâncias da vizinha. A seguir vem um bate-boca entre os dois, com o menino arremedando a velha, e com grande satisfação para o barbeiro que se julga “vingado”.

XII - Entrada para a Escola. É uma descrição das escolas da época. Aborda a importância da palmatória e nos conta como o novo e endiabrado aluno leva bolos de manhã e à tarde.

XIII - Mudança de Vida. Depois de muito esforço e paciência, o padrinho convence ao afilhado de voltar para a escola, mas ele foge habitualmente e faz amizade com o coroinha da Igreja. Pede ao padrinho, e este acede, para também ser coroinha. Pensava assim o barbeiro que seria meio caminho andado para se tomar padre. Como coroinha, aproveitou-se dessa função para jogar fumaça de incenso na cara da vizinha e derramar-lhe cera na mantilha. Vingava-se assim dela.

XIV - Nova Vingança e Seu Resultado. Neste capitulo, aparece o “Padre Mestre de Cerimônias”, que, embora de um exterior austero, mantinha relações com a cigana, a mesma que abandonara Leonardo-Pataca e fora causa de sua função. No dia da festa da Igreja da Sé, o Mestre de Cerimônia prepara-se orgulhosamente para proferir seu sermão.

O menino Leonardo, encarregado de avisar-lhe a hora do sermão, informa-lhe que será às 10 horas, quando na verdade devia ser às 9.

Um capuchinho italiano, para cooperar, e porque o pregador não chegava, começou a homilia.

Depois de algum tempo, chega o Mestre, furioso, e corre para o púlpito também. Após um bate-papo com o religioso, toma o lugar dele e continua o sermão. O resultado foi o sacristão ser despedido.

XV - Estralada. Leonardo-Pataca, sabendo que o Mestre de Cerimônias é que lhe tirara a cigana e que este iria ao aniversário dela, contratou Chico-Juca para criar confusão na festa. Avisou antecipadamente o Major Vidigal, que prende todo mundo, inclusive o Padre, e os leva para a “Casa da Guarda”.

XVI - Sucesso do Plano. O Mestre de Cerimônias, com o escândalo, foi obrigado a deixar a cigana, voltando para Leonardo, que recebe as censuras da Comadre.

XVII - D. Maria. O capitulo é dedicado a D. Maria, “uma mulher velha, muito gorda; devia ter sido muito formosa no seu tempo, porém dessa formosura só lhe restaram o rosado das faces e a alvura dos dentes...”; “...tinha bom coração e era benfazeja, devota e amiga dos pobres, porém, em compensação destas virtudes, tinha um dos piores vícios daquele tempo e daqueles costumes; era a mania das demandas...”

Em sua casa, estavam reunidos, por causa da “Procissão dos Ourives”, o Compadre e o menino, a Comadre e a vizinha O assunto gira em tomo das peripécias do garoto, que aproveita a ocasião e pisa a saia da vizinha, rasgando-a.

A seguir, todos discutem o futuro do rapaz. Depois de cada um dar o palpite, D. Maria sugere que ele seja “Procurador de Causas...”

XVIII - Amores. Leonardo não correspondeu a nenhum dos desejos do padrinho: não foi para Coimbra, não se fez padre, não trabalhou em cartório algum e não foi para a Conceição. Tomou-se um vadio. Um vadio comum, que simplesmente não pensa em nada, vai-se deixando levar pelos acontecimentos sem tirar proveito pessoal de nenhum.

Enquanto isso, Leonardo-Pataca acaba casando-se com a sobrinha da Comadre.

Por sua vez, D. Maria ganha a demanda para ser tutora de uma sobrinha órfã e começa a receber a visita freqüente do Compadre com o afilhado. A sobrinha de D. Maria era já bem desenvolvida, mas muito desajeitada: tinha perdido a graça da menina e não adquirira ainda a beleza da moça.

Leonardo saiu rindo dela, mas não a esqueceu jamais.

XIX - Domingos do Espírito Santo. Na “Festa do Divino”, o Compadre vai com D. Maria e Leonardo ao Campo para ver o fogo. Leonardo começa a apaixonar-se pela sobrinha de D. Maria.

XX - O Fogo no Campo. Terminada a “Festa do Divino” com foguetes e fogos de artifício, Leonardo e Luisinha, sobrinha de D. Maria, tomam-se íntimos.

XXI - Contrariedades. Luisinha voltou ao seu silêncio interior e um novo personagem aparece: é o José Manuel. Muito experiente na vida, passa a cortejar D. Maria, mas interessado na sobrinha e principalmente na herança dela.

XXII - Aliança. O Padrinho e a Comadre aliam-se num só plano contra José Manuel.

XXIII - Declaração. Numa cena ridícula, todo desajeitado, depois de muitas tentativas e retrocessos, Leonardo consegue declarar-se a Luisinha.

SEGUNDA PARTE

I - A Comadre em Exercício. Aqui, o autor narra o nascimento da filha de Leonardo-Pataca e de Chiquinha. A Comadre faz o parto, e o autor aproveita para fazer interessante descrição dos costumes da época.

II - Trama. A Comadre, numa aliança com o sobrinho e o Compadre contra José Manuel, inventa para D. Maria que este fora o raptor da moça na porta da Igreja (um caso policial da época).

III - Derrota. José Manuel põe-se em campo para saber quem é seu adversário e quem tinha feito a intriga perante D. Maria.

IV - O Mestre de Reza. Os mestres de reza da época eram geralmente cegos que ensinavam às crianças as primeiras rezas e o catecismo. Faziam-no á base da palmatória. O Mestre de Reza encarregou-se de descobrir, para José Manuel, quem era o intrigante.

V - Transtorno. O Compadre morre e deixa Leonardo como seu herdeiro. Segue-se a cerimônia de luto e o enterro. Leonardo volta para a casa do pai. A Comadre, que também mora com a filha, faz agora as vezes do Compadre. Leonardo não se entende com a madrasta, Chiquinha.

VI - Pior Transtorno. Leonardo, ao voltar da casa de Luisinha, aborrecido por não a ter visto, briga com Chiquinha. O pai intervém de espada, e Leonardo foge de casa.

A Comadre censura os dois e vai procurar o afilhado, enquanto os vizinhos comentam as ocorrências...

VII - Remédio dos Males. Ao fugir de casa, Leonardo encontra o antigo colega, o Sacristão da Sé, num pique-nique em companhia de moças e rapazes, o qual o convida para ficar; ele aceita e enche-se de amores por Vidinha, cantora de modinhas, que tocava viola.

“Vidinha era uma mulatinha de dezoito a vinte anos, de altura regular. ombros largos, peito alteado, cintura fina e pés pequeninos; tinha os olhos muito pretos e muito vivos, os lábios grossos e úmidos, os dentes alvíssimos. a fala era um pouco descansada, doce e afinada.”

VIII - Novos Amores. Este capitulo faz a descrição da nova família que acolhe Leonardo. Era composta de duas irmãs viúvas, uma com três filhos e a outra com três filhas. Passavam dos quarenta anos e eram muito gordas e parecidas. Os três filhos da primeira tinham mais de 20 anos e eram empregados no trem. As moças, mais ou menos da idade dos rapazes, eram bonitas, cada uma a seu modo. Uma delas era Vidinha.

IX - José Manuel Triunfa. A Comadre procurou Leonardo por toda parte e, não o encontrando, foi à casa de D. Maria, que a repreendeu por “ter cometido um grande...”

Ela logo entendeu e percebeu que José Manuel estava regenerado aos olhos de D. Maria; e também chegou à conclusão de que o cego Mestre de Reza é que tinha desvendado tudo.

A Comadre desculpa-se e toma conhecimento do interesse de José Manuel por Luisinha.

X - O Agregado. Leonardo fica agregado na nova família, como era costume naquela época. Dois irmãos pretendentes a Vidinha unem-se contra Leonardo, que estava gostando dela.

Vidinha e as Velhas tomam o partido de Leonardo. Houve briga e confusões.

Leonardo decidiu sair da casa, mas as velhas não consentem. Chega a Comadre.

XI - Malsinação. Depois de conferências entre as velhas e a Comadre, Leonardo fica, para alegria de Vidinha.

Os primos vencidos, combinam um modo de vingar-se

Fizeram uma patuscada semelhante à que haviam feito quando conheceram Leonardo e avisaram o Major Vidigal... Este chega no meio da farra e prende Leonardo.

XII - Triunfo Completo de José Manuel. José Manuel ganha uma causa forense para D. Maria e, com isso, consegue o consentimento para casar-se com Luisinha, que Leonardo já havia esquecido; ela aceita com indiferença o novo pretendente. Há festa e casamento em carruagens - “destroços da arca de Noé”.

XIII - Escápula. A caminho da prisão, Leonardo procura um jeito de fugir. O Major adivinha o pensamento do moço e presta atenção a todos os seus movimentos. Entretanto, na hora em que surgiu um pequeno tumulto na rua, e o Major desviou a atenção do prisioneiro, Leonardo escapuliu e foi para a casa de Vidinha.

O Major, pasmado com o acontecido, procura-o por toda parte, com os granadeiros.

XIV - O Vidigal Desapontado. Vidigal, com o orgulho ferido, sobretudo devido às zombarias do povo, jurou vingar-se. A Comadre, entretanto, que não sabia da fuga, procura o Major e, ajoelhada a seus pés, chora e suplica pelo afilhado.

Os granadeiros riam dela cada vez que gritava - solte, solte!

XV - Caldo Entornado. Tendo sabido da fuga de Leonardo, a Comadre dirigiu-se à casa das velhas e pregou um sermão ao afilhado, concitando-o a que abandonasse a vadiagem e procurasse um emprego. Ela mesma consegue para ele uma ocupação na “Ucharia Real”.

O Major não gostou disso porque assim não poderia prendê-la Ucharia, morava um tal de Toma-Largura, assim chamado pela sua estampa grotesca, em companhia de uma mulher bonita Leonardo começa a demorar cada vez mais no trabalho e a esquecer Vidinha.

Um dia, Toma-Largura surpreendeu-o tomando sopa com sua mulher e corre atrás dele escorraçando-o de casa. No dia seguinte, Leonardo é despedido do emprego.

XVI - Ciúmes. Vidinha, extremamente ciumenta, quando soube do acontecido, foi tomar satisfação com a mulher do Toma-Largura, depois de gritar, chorar e ameaçar.

Leonardo vai atrás e se encontra com o Major Vidigal, que o prende.

XVII - Fogo de Palha. Vidinha começa a xingar Toma-Largura e a mulher. Como não houvesse reação dos dois, ficou desconcertada, tomou a mantilha e saiu. Toma-Largura, encantado com Vidinha, resolveu conquistar nem que fosse uma diminuta parcela de seu amor, porque assim se vingaria de Leonardo e satisfaria seu desejo de conquista amorosa. Desse modo, acompanhou a moça para saber onde ela morava.

XVIII - Represálias. Quando Vidinha chegou a casa, deram também por falta de Leonardo. Mandam-no procurar por toda parte e nada. Suspeitam do Major, mas não o encontram na Casa da Guarda.

A Comadre, avisada, põe-se em campo à procura do afilhado, mas também não o encontra. A família que hospedava Leonardo começou a odiá-lo, julgando que ele se havia ocultado propositalmente.

Enquanto isso, o Toma-Largura começa a rodear a casa de Vidinha para cumprimentá-la. Mal imagina ele o que lhes estão preparando...

Recebido em casa, resolvem comemorar a aproximação com uma patuscada nos “Cajueiros”, no mesmo lugar onde Leonardo conhecera a família. E claro que o Toma-Largura lá estava. E como gosta de beber, acabou provocando uma grande confusão na festa. Inesperadamente chega o Vidigal com um grupo de granadeiros e dá ordem a um deles para levar o Toma-Largura preso. Este granadeiro era Leonardo.

XIX - O Granadeiro. Depois de preso, o Toma-Largura foi abandonado na calçada porque estava completamente bêbado e sem condições de andar. A seguir, o autor conta como Leonardo fora transformado em granadeiro: depois de preso foi escondido por Vidigal e levado para sentar praça no Regimento Novo. A seguir, foi requisitado para ajudar o Major nas tarefas policiais. Era a maneira de o Vidigal se vingar.

Leonardo mostrou-se bom de serviço, mas participou de uma “diabrura” quando, em missão, representou Vidigal, defunto, numa cena para ridicularizá-lo.

XX - Novas Diabruras. O Major decide prender Teotônio, um grande animador de festas, onde tocava e cantava modinhas e mostrava outras habilidades, como banqueiro de jogo.

Teotônio, na festa de batizado do filho de Leonardo-Pataca com a filha da Comadre, fez caretas e mímicas imitando o Major, que estava presente, para risada geral do público. O Major sai correndo e incumbe Leonardo de prender Teotônio.

Leonardo, muito bem recebido na casa, revela a missão de que estava incumbido e, de comum acordo com Teotônio, concebe um plano para lograr o Major.

XXI - Descoberta. Leonardo foi cumprimentado por um amigo indiscreto, na frente do Major, pela façanha, e este o prende imediatamente.

Enquanto isso, o José Manuel, depois da lua-de-mel com Luisinha, começou a mostrar que não era lá grande coisa. Isso fez com que D. Maria se aliasse à Comadre para soltar Leonardo.

XXII - Empenhos. Depois de uma tentativa frustrada junto ao Major, a Comadre pede os préstimos de D. Maria que, por sua vez, recorre a Maria Regalada. Chamava-se assim por ser muito alegre, ria-se de tudo. Morava na Prainha, e, quando mais nova, era uma “mocetona de truz”. Já era conhecida do Major, com quem há tempos tivera encontros amorosos.

XXIII - As Três em Comissâo. As três vão ao Major pedir-lhe para soltar Leonardo. Ele mostra-se inicialmente inflexível como o cargo e o lugar exigiam. Como as três rompessem em prantos, ele não se conteve e chorou também, feito um bobo. Depois recompôs-se e ficou novamente durão.

Entretanto, Maria Regalada cochichou-lhe qualquer coisa ao ouvido, e ele logo promete não somente soltar Leonardo como alguma coisa mais.

XXIV - A Morte é Juiz. José Manuel, com a ação que lhe moveu a sogra, tem um ataque de apoplexia e morre.

Leonardo, libertado, chega à noitinha e a primeira coisa que procura é Luisinha. Tinha sido promovido a sargento. A admiração um pelo outro é recíproca.

XXV - Conclusão Feliz. Depois do luto, Leonardo e Luisinha recomeçam o namoro. Os dois querem casar-se, mas há uma dificuldade: Leonardo era soldado, e soldado não podia casar. Levaram o problema ao Major, que vivia com Maria Regalada. Esse fora o preço pela soltura do Leonardo.

Por influência da mulher, o Vidigal logo arranjou um jeito: dar baixa em Leonardo como tropa de linha e nomeá-lo “Sargento de Milícias”.

Leonardo pai entrega ao filho a herança que lhe deixara o padrinho barbeiro. Leonardo e Luisinha casam-se. E agora aparece “o reverso da medalha”:

“Seguiu-se a morte de D. Maria, a do Leonardo-Pataca, e uma enfiada de acontecimentos tristes que pouparemos aos leitores, fazendo aqui ponto .final.”

ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL

1) A novela está dividida em duas partes bem distintas: a primeira com 23 capítulos e a segunda com 25.

2) Os episódios são quase autônomos, só ligados pela presença de Leonardo, dando à obra uma estrutura mais de novela que de romance, como já ficou observado.

3) O leitor acompanha o crescimento do herói com sua infância rica em travessuras, a adolescência com as primeiras ilusões amorosas e aventuras, e o adulto, que, com o senso de responsabilidade, que essa idade exige, vai-se enquadrando na sociedade, o que culmina com o casamento.

4) Para Mário de Andrade, trata-se de uma novela picaresca de influência hispânica.

Manuel Bandeira, em uma de suas crônicas, conta que o grande escritor espanhol Francisco Ayala leu a novela e, de tão encantado, traduziu-a para o espanhol e escreveu no prefácio a palavra que melhor lhe pareceu qualificá-la: obra-prima, acrescentando que As Memórias se inserem na linhagem dos romances picarescos. E olhe que Ayala é da terra da ficção picaresca. Ninguém, pois, melhor qualificado para conferir a láurea.

Não obstante, o nosso pícaro tem características próprias, que o afastam do modelo espanhol, como ressalta o critico Antônio Cândido, m “Dialética da Malandragem”: “Digamos então que Leonardo não é um pícaro saído da tradição espanhola, mas sim o primeiro grande malandro que entra na novelística brasileira, vindo de uma tradição folclórica e correspondendo, mais do que se costuma dizer, a certa atmosfera cómica e popularesca de seu tempo, no Brasil.

5) Freqüentemente identificadas por suas profissões e caracteres fisicos, as personagens se enquadram na categoria de planas, não apresentando, portanto, traços psicológicos densos e profundos. O protagonista da estória (Leonardo), que foge completamente aos padrões de herói romântico, é igualmente uma personagem plana, sem traços psicológicos profundos que marquem a sua personalidade.

Assim, pois, predomina sempre o sentido visual e não a percepção psicológica. Os personagens distinguem-se pelo físico de absoluta nitidez, não falam, e algumas figuras ficam mudas quase todo o tempo, como acontece com Luisinha e o próprio Leonardo.

6) Na construção da obra, muitas vezes há falhas que se explicam devido ao fato de o livro ter sido escrito em meio à algazarra de uma república de estudantes, como testemunha o biógrafo de Manuel Antônio, Marques Rebelo:

a) A amante de Leonardo pai, na primeira parte, figura como sobrinha da parteira; na segunda, aparece como filha desta.

b) Por outro lado, os primos de Vidinha inicialmente eram três e no final só aparecem dois.

c) A moça cujo rapto foi atribuído a José Manuel aparece como filha de uma viúva, mas, pouco depois, o mesmo José Manuel foi salvo graças ao pai da rapariga.

d) Ao contrário do que ocorre nas obras de “memórias”, aqui a narrativa não é feita em primeira pessoa como acontece geralmente com esse gênero literário, mas em terceira pessoa; talvez porque não se trata realmente de um livro de memórias.

e) Para Paulo Rónai, que traduziu a obra para o francês, o título deveria ser: “Como se Faz um Sargento de Milícias , pois, segundo confessa, teve tentação de colocar, como titulo, na tradução francesa -“Comment on devi ent un Sargent de la Mi/ice ‘. Já para Olívio Montenegro, o título poderia ser: “Cenas da Vida Carioca”.

ESTILO DE ÉPOCA

Tendo surgido em pleno Romantismo, Memórias de um Sargento de Milícias apresenta uma narrativa desembaraçada, com conversações colhidas ao vivo e uma multidão de personagens vivos, extraídos da gente do povo, primando pela originalidade.

Entretanto, podem-se detectar, na obra, aspectos que traem não só o Romantismo como o Realismo:

1) Não parece ser muito apropriado considerar o livro como obra precursora do Realismo no Brasil, embora seu autor haja revelado conhecer a “Comédia Humana”, de Balzac, e ter recebido influências dela.

Falta-lhe, sem dúvida, a intenção realista, apesar da presença de muitos elementos denunciadores desse estilo de época, como ressalta José Verissimo: “o autor pratica, no romance brasileiro, o que já é licito chamar obra psicológica e de meio: a descrição pontual, a representação realista das coisas, mas fugindo às cruezas.

2) Ao contrário do que ocorre no Romantismo, o cenário não é o dos palácios reais com festas e diversões ao gosto dos nobres, nem a natureza; são as ruas cheias de gente, por onde desfilam meirinhos, parteiras, devotas, granadeiros, sacristães, vadios, brancos, pardos e pretos: gente do povo, de todas as raças e profissões. Povo sem nome, simplesmente designado por mestre de reza, parteira, barbeiro, toma largura, etc. Assim, existe, no livro, uma preocupação documental bem ao gosto realista.

3)-Além disso, destacam-se na obra o sentimento anti-religioso e anticlericalista, o horror aos padres e o desprezo pelas beatas, a caricatura e a ironia, que são ingredientes sabidamente caracterizadores do estilo realista:

- ‘O Divino Espírito Santo

E um grande folião,

Amigo de muita carne.

Muito vinho e muito pão.

A cena do clérigo, mestre de cerimônias, no quarto de uma cigana prostituta, em noite de festa e nos trajes em que o autor o coloca é digna de mestres do Realismo, como Eça de Queiroz, por exemplo.

Por outro lado, a presença do Romantismo também é notória na obra:

1) A busca do passado, que é uma fixação comum no estilo romântico, serve de ponto de partida para o autor, como se vê na abertura do livro: “Era no tempo do rei”.

Conforme ressalta Paulo Rónai, “orgulha-se o autor de não participar dos exageros românticos, mas, saudoso do passado, explica o interesse pelos tempos antigos com a alegação de querer mostrar que os costumes de outrora não eram superiores aos de seu tempo. Só mero pretexto: ele só não admitia os excessos dos ultra-românticos.”

2) Como é freqüente no Romantismo, que tem, ao lado de uma certa tendência para finais tétricos, propensão para as conclusões açucaradas, todos os capítulos e a própria novela terminam num “happy end ‘, ou final feliz.

3) A despreocupação com a correção gramatical e o aproveitamento da fala e de expressões populares mostram bem a tendência para a liberalização da expressão, que é outra conquista do Romantismo, forjada na esteira do liberalismo da época, como revelam os exemplos abaixo:

A vista disto nada havia a duvidar: o pobre homem perdeu. como se costuma dizer, as estribeiras,...”

"Quando amanheceu, acordou sarapantado...."

"— Olá, Leonardo! Por que carga d ‘água vieste parar a estas alturas? Pensei que te tinha já o diabo lambido os ossos, pois depois daquele maldito dia em que nos vimos em pancadaria, por causa do mestre-de-cerimônias, nunca mais te pus a vista em cima.”

"— Escorropicha essa garrafa que ai resta, disse-lhe o amigo...

“— Fui para casa de meu pai... e de repente, hoje mesmo. brigo lá com a cuja dele...”

Na onda dessa liberalização, há verdadeiras incorreções gramaticais, conforme atestam estes exemplos:

"Naquela família haviam três primos.”

“Nas causas de sua imensa alçada não haviam testemunhas...”

"...ele expôs-me certas coisas... e que eu enfim não quis dar crédito.”

"... Fazia o mestre em voz alta o pelo-sinal. pausada e vagarosamente, no que o acompanhava em coro todos os discípulos.”

4) Como é comum no Romantismo, algumas situações são criadas artificialmente. Revela-o sobretudo o fato de Leonardo transformado em granadeiro e posteriormente em Sargento de Milícias.

Assim, embora apresente características que lembram os estilos realista e romântico, Memórias de um Sargento de Milícias se destaca por sua originalidade, afastando-se dos padrões da época, como observou Mário de Andrade, que considerava essa novela uma obra isolada.

LINGUAGEM

1) A linguagem utilizada pelo autor em toda a novela, embora de cunho popular e com bastantes incorreções, tem muito do linguajar tipicamente português, o que revela, sem dúvida, a marcante presença da gente lusitana em nossa terra no “tempo do rei”:

"Não quero cá saber de nada...”

"— Pois estoure, com trezentos diabos!”

"... há de ser um clérigo de truz.”

"... regulando-se a ouvir modinhas...”

"— E a noiva?.., respondia a outra: arrenego também da lambisgoia...

E outras expressões como tira-te lá, tranco-te essa boca a socos; mais pequena, com a cuja dele, etc.

2) Outras vezes prima por usar construções bem clássicas:

"... o que o distinguia era ver-se-lhe constantemente ./ora de um dos bolsos, o cabo de uma tremenda palmatória,..."

“Coimbra era a sua idéia fixa, e nada /ha arrancava da cabeça."

"... e quando tiver 12 ou 14 anos há de me entrar para a escola.

"... e isto era natural a um bom português, que o era ele.”

3) A ironia e o gosto pela gozação acompanham a obra do começo ao fim.

"A carruagem era um formidável, um monstruoso maquinismo de couro, balançando-se pesadamente sobre quatro desmesuradas rodas. Não parecia coisa muito nova; e com mais de dez anos de vida poderia muito bem entrar no número dos restos infelizes do terremoto, de que fala o poeta.

“Luisinha, conduzida por D. Maria, que lhe ia servir de madrinha, embarcou num dos destroços da arca de Noé. a que chamamos carruagem; "

“Entre os honestos cidadãos que nisto se ocupavam, havia, na época desta história um certo Chico-Juca. afamadíssimo e temível.”

“Eis aqui como se explica o arranjei-me, e como se explicam muitos outros que vão ai pelo mundo.”

ASPECTOS TEMÁTICOS MARCANTES

1) Para Antônio Soares Amora, “a intenção do autor, ao escrever seu romance de folhetins para a “Pacotilha”, não é difícil perceber; oferecer ao leitor, de um lado, um romance engraçado, pelos tipos que nele entravam, pelas suas expressões, pelas suas atitudes e ações; de outro, um romance de costumes populares, de um Rio que deixara de existir, com a modernização da vida carioca, iniciada no decênio de 1830; um Rio do começo do século, ronceiro e roceiro, mas bem mais pitoresco e alegre, pelas despreocupações de sua gente e pelas festas populares (procissões, folias do Divino, fogos no Campo de Santana, as súcias), e por isso um Rio de que os mais velhos, nos anos de 1850, se recordavam com nostalgia.”

2) Além desses aspectos citados, que configuram bem a “época do Rei” (início do século XIX, quando D. João VI esteve no Brasil fugido de Napoleão), destaca-se também no livro o anticlericalismo típico da época, em que se expõem as safadezas de padres e outros podres da Igreja de Roma.

"— Olá, Leonardo! Por que carga d ‘água vieste parar a estas alturas? Pensei que te tinha já o diabo lambido os ossos, pois depois daquele maldito dia em que nos vimos em pancadaria, por causa do mestre-de-cerimônias, nunca mais te pus a vista em cima.”

"— Escorropicha essa garrafa que ai resta, disse-lhe o amigo...

“— Fui para casa de meu pai... e de repente, hoje mesmo. brigo lá com a cuja dele...”

Na onda dessa liberalização, há verdadeiras incorreções gramaticais, conforme atestam estes exemplos:

"Naquela família haviam três primos.”

“Nas causas de sua imensa alçada não haviam testemunhas...”

"...ele expôs-me certas coisas... e que eu enfim não quis dar crédito.”

"... Fazia o mestre em voz alta o pelo-sinal. pausada e vagarosamente, no que o acompanhava em coro todos os discípulos.”

4) Como é comum no Romantismo, algumas situações são criadas artificialmente. Revela-o sobretudo o fato de Leonardo transformado em granadeiro e posteriormente em Sargento de Milícias.

Assim, embora apresente características que lembram os estilos realista e romântico, Memórias de um Sargento de Milícias se destaca por sua originalidade, afastando-se dos padrões da época, como observou Mário de Andrade, que considerava essa novela uma obra isolada.

LINGUAGEM

1) A linguagem utilizada pelo autor em toda a novela, embora de cunho popular e com bastantes incorreções, tem muito do linguajar tipicamente português, o que revela, sem dúvida, a marcante presença da gente lusitana em nossa terra no “tempo do rei”:

"Não quero cá saber de nada...”

"— Pois estoure, com trezentos diabos!”

"... há de ser um clérigo de truz.”

"... regulando-se a ouvir modinhas...”

"— E a noiva?.., respondia a outra: arrenego também da lambisgoia...

E outras expressões como tira-te lá, tranco-te essa boca a socos; mais pequena, com a cuja dele, etc.

2) Outras vezes prima por usar construções bem clássicas:

"... o que o distinguia era ver-se-lhe constantemente ./ora de um dos bolsos, o cabo de uma tremenda palmatória,..."

“Coimbra era a sua idéia fixa, e nada /ha arrancava da cabeça."

"... e quando tiver 12 ou 14 anos há de me entrar para a escola.

"... e isto era natural a um bom português, que o era ele.”

3) A ironia e o gosto pela gozação acompanham a obra do começo ao fim.

"A carruagem era um formidável, um monstruoso maquinismo de couro, balançando-se pesadamente sobre quatro desmesuradas rodas. Não parecia coisa muito nova; e com mais de dez anos de vida poderia muito bem entrar no número dos restos infelizes do terremoto, de que fala o poeta.

“Luisinha, conduzida por D. Maria, que lhe ia servir de madrinha, embarcou num dos destroços da arca de Noé. a que chamamos carruagem; "

“Entre os honestos cidadãos que nisto se ocupavam, havia, na época desta história um certo Chico-Juca. afamadíssimo e temível.”

“Eis aqui como se explica o arranjei-me, e como se explicam muitos outros que vão ai pelo mundo.”

ASPECTOS TEMÁTICOS MARCANTES

1) Para Antônio Soares Amora, “a intenção do autor, ao escrever seu romance de folhetins para a “Pacotilha”, não é difícil perceber; oferecer ao leitor, de um lado, um romance engraçado, pelos tipos que nele entravam, pelas suas expressões, pelas suas atitudes e ações; de outro, um romance de costumes populares, de um Rio que deixara de existir, com a modernização da vida carioca, iniciada no decênio de 1830; um Rio do começo do século, ronceiro e roceiro, mas bem mais pitoresco e alegre, pelas despreocupações de sua gente e pelas festas populares (procissões, folias do Divino, fogos no Campo de Santana, as súcias), e por isso um Rio de que os mais velhos, nos anos de 1850, se recordavam com nostalgia.”

2) Além desses aspectos citados, que configuram bem a “época do Rei” (início do século XIX, quando D. João VI esteve no Brasil fugido de Napoleão), destaca-se também no livro o anticlericalismo típico da época, em que se expõem as safadezas de padres e outros podres da Igreja de Roma.

3) Ao traçar o perfil de Leonardo, protagonista da novela, o autor retrata um tipo genuinamente brasileiro, com sua malandragem bem carioca e sua propensão ao “dolce far niente” (= não fazer nada, ócio), numa aversão ao trabalho, que antecipa, em quase um século, o celebrado “herói sem nenhum caráter” e modelo de nossa gente, Macunaíma, do modernista Mário de Andrade.

4) Apresentando um perfil pautado pela retidão e pelo senso de responsabilidade, que o aproxima mais do herói tradicional que Leonardo, o major Vidigal é bem a encarnação do poder constituído e da ordem estabelecida. Com sua implacabilidade à cata de malandros, o major representa, sem dúvida, o guardião de normas sociais que padronizam comportamentos e enquadram tipos rebeldes que ousam transgredi-las.

5) Simbolicamente, dada a liberdade que me permite a teoria da obra aberta, pode-se ver, nessas “memórias” de Leonardo, a trajetória existencial de qualquer ser humano, desde o nascimento, quase sempre fruto de um amor que brota com uma “pisada no pé” (que varia conforme o costume da época...), até o enquadramento social, que se concretiza com o casamento e sobretudo com a investidura da camisa de força imposta pelo major Vidigal. Sem dúvida, o “happy end” da conclusão é um final irônico, em que o ser humano dá adeus às travessuras e às ilusões para se enjaular nos limites estreitos de uma vidinha miúda e besta, pautada pelo bom comportamento de um sargento de milícias

Videozinho

Iracema (José de Alencar)

José de Alencar foi antes de tudo um inovador, o primeiro que, destemidamente, se mostrou rebelde à tradição portuguesa. Sem dúvida um precursor da revolução modernista de 1922. Uma das marcas registradas de sua obra é o sentimento brasileiro. O índio que ele tanto cantou e exaltou, é a personificação de seu entranhado nacionalismo. Tanto que Machado de Assis declara que "nenhum escritor teve em mais alto grau a alma brasileira".

O seu estilo revela-se retórico, sonoro e brilhante, o que nada mais é do que o espírito de sua escola - o Romantismo. As suas paisagens, além do sentimento brasileiro, têm cores maravilhosas da nossa exuberante vegetação tropical. Ele não descreve cenas, quadros: pinta-os molhando o pincel nas mais vivas e variadas tintas. Conhecia o Português e conhecia a Gramática, mas sua preocupação estava acima disto: quis criar um estilo brasileiro, independente, pessoal, reflexo dos nossos modismos sintáticos e vocabulares, um linguajar brasileiro. Isso ele conseguiu; se não para os seu conteporâneos, mas para os pósteros que cada vez mais reconhecem sua originalidade e modernidade.

A obra romanesca de Alencar costuma ser dividida pela crítica em quatro áreas: a indianista, a histórica e a urbana.

a) os romances indianistas apresentam três fases do índio: civilizado e dominado pelos portugueses na luta pela conquista da terra - O Guarani; os primeiros contatos dos brancos com os nativos na civilização do Ceará - Iracema; e o índio em seu estado natural, sem interferência do branco, longe da civilização, em época indeterminada - Ubirajara.

b) Os romances históricos evocam nosso passado com As minas de prata, o primeiro romance histórico de nossa literatura; A guerra dos mascates, narrativa da famosa revolução de 1710, em Pernambuco, e, ainda através das crônicas dos tempos coloniais e das novelas O garatuja e Alfarrábios.

c) Os romances regionalistas focalizam as paisagens e tipos humanos do norte e do sul do país, através de O sertanejo e O gaúcho, reproduzindo costumes típicos e folclóricos dessas regiões.

O tronco do ipê e Til, considerados romances sociais, patenteiam também a corrente regionalista de Alencar. Com Til, retrata os costumes dos ambientes paulistas nas grandes épocas do café. Com O tronco do ipê, apresenta o panorama das fazendas do Rio de Janeiro.

d) Os romances urbanos caracterizam a corte e o meio social carioca do Segundo Reinado. São romances de amor, que espelham a mentalidade romântica da época, capaz dos maiores sacrifícios para solidificar esse sentimento. Neles, o autor cria diversos perfis de mulheres, vivendo no trato íntimo da sociedade, mas sem grande penetração psicológica. Exemplificam esse gênero: Cinco minutos, A viuvinha, A pata da gazela, Sonhos d'ouro, Lucíola, Diva, Senhora e Encarnação.

Além de romancista, Alencar foi teatrólogo, merecendo destaque as comédias Verso e reverso, O demônio familiar, As asas de um anjo, Noite de João além dos dramas Mãe e O jesuíta.

Como poeta, deixa-nos o poema indianista Os filhos de Tupã.

Iracema, romance de 1865, chamado por Machado de Assis de poema em prosa, chama a atenção, desde o início, pelo trabalho com a linguagem.

Em capítulos curtos, sobrepõem-se imagens sobre imagens, comparações sobre comparações, cada uma mais bela, original e adequada, para sugerir o nascimento de um novo mundo.

Como veremos a seguir, através do resumo do enredo, o livro de Alencar desenvolve a lenda da fundação do Ceará (Estado em que nasceu Alencar) e a história dos amores de Iracema e Martim.

RESUMO DO ENREDO

"Numa atmosfera lendária, de exótica e delicada poesia, desenrola-se a história triste dos amores de Martim, primeiro colonizador português do Ceará, e Iracema, jovem e bela índia tabajara, filha de Araquém, pajé da tribo. Martim saíra à caça com seu amigo Poti, guerreiro pitiguara, e perdera-se do companheiro, indo ter aos campos dos inimigos tabajaras. Encontra Iracema, que o acolhe na cabana de Araquém, enquanto volta Caubi , seu irmão, que reconduziria o guerreiro branco, são e salvo às terras pitiguaras. Iracema, porém, apaixona-se por Martim, traindo o segredo de jurema, que guardava como virgem de Tupã. Acompanha o esposo, deixando na sua tribo um ambiente de revolta, acirrado pelos ciúmes de Irapuã, destemido chefe tabajara. Desencadeia-se a guerra da vingança, e os tabajaras são derrotados; Iracema confunde as venturas do amor com as amargas tristezas que despertam os campos juncados de cadáveres de seus irmãos. Ao remorso e saudade outra dor se lhe acrescenta; o arrefecimento do amor de Martim que, para amenizar a nostalgia da pátria distante, ausenta-se em longas e demoradas jornadas. Num dos seus regressos, encontra Iracema às portas da morte, - exausta pelo esforço que fizera para alimentar o filhinho recém-nascido, a quem dera o nome de Moacir, literalmente na sua língua, filho da dor. Martim enterra o corpo da esposa e parte, levando o filho e a saudade da fiel companheira.

(Extraído do Pequeno Dicionário da Literatura Brasileira - Ed. Culturix)

ORGANIZAÇÃO

1) O gênero literário predominante na obra é o épico, caracterizado pela presença de um narrador, pela observação e pela visão do mundo exterior. Embora predomine o épico, Iracema apresenta também aspectos líricos, principalmente se se levar em conta a poesia de sua linguagem, marcada pelo ritmo e sonoridade, além da configuração altamente subjetiva, revelada sobretudo pelo tom metafórico que perpassa o romance.

2) A técnica narrativa utilizada é a terceira pessoa.O narrador é onipresente e onisciente: sabe tudo que se passa ao seu redor. Focalizando uma época que revela o início da colonização do Brasil, a visão em terceira pessoa, é sem dúvida, a mais adequada e coerente.

3) A linguagem é extremamente poética, o que nos faz imaginar as belezas, os deslumbres da mata virgem, da natureza. Além disso, durante todo o enredo, há a utilização de símiles que nos fazem visualizar , com maior precisão, o que o autor quer passar para o leitor.

4) Seguindo critérios mais ou menos subjetivos, podemos dividir o romance em três partes:

a) A primeira parte mostra o encontro de Iracema e Martim e o incontrolável amor que surge entre eles;

b) A Segunda conta a fuga de Iracema que abandona o lar, a família e os irmãos para viver com Martim, numa cabana distante, no litoral, vivendo aí a sua gravidez e uma profunda saudade e angústia;

c) A terceira relata o sofrimento de Iracema ao perceber que Martim não é feliz. Sofre calada até que a morte a chama.

5) Sem dúvida, a obra de José de Alencar se enquadra no estilo de época romântico em que se destaca o indianismo, que foi uma das formas mais significativas assumidas pelo nacionalismo romântico.

Podemos citar várias características do Romantismo, presentes na obra:

a) O culto e a exaltação da natureza;

b) A idealização de índio como um ser nobre, valoroso, fiel e cavalheiro;

c) Sublimação do amor e idealização da mulher;

d) Sentimentalismo amoroso configurado na temática amor e morte;

e) A concepção amorosa a partir dos sentimentos puros e castos.

6) Composto de trinta e três capítulos curtos, Iracema vem precedido de um prólogo e encerrado por uma "carta ao Dr. Jaguaribe", em que Alencar expõe os motivos patrióticos e sentimentais que o levaram a escrever o livro.

7) A ação do romance se desenvolve no Ceará, nos primórdios do século XVII, e se apóia em fatos históricos verdadeiros. Martim, o protagonista masculino da história, é Martim Soares Moreno, que deixou o seu nome inscrito na colonização do Brasil. Sua amizade a Poti e Jacaúna, chefe dos índios do litoral, foi decisiva para a conquista da região, que viria a ser o Ceará.

PERSONAGENS

1) Iracema - a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asas da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era mais doce que seu sorriso, nem a baunilha rescendia no bosque como se hálito perfumado. Era mais rápida que a ema selvagem. Índia da tribo tabajara, filha de Araquém. Demonstrou muita coragem e sensibilidade. Revelou-se amiga, companheira, amorosa, amante, submissa e confiante. Renunciou tudo pelo amor de Martim. Representa bem o elemento indígena que se casa com o branco para formar uma nova raça: a brasileira.

2) Martim - o seu nome na língua indígena significa "filho de guerreiro". Era português e veio ao Brasil numa expedição, quando fez amizade com Jacaúna, chefe dos pitiguaras, dos quais recebeu o nome de Coatiabo - "guerreiro pintado". Tinha nas faces o branco das areias que bordam o mar, nos olhos o azul triste das águas profundas, os cabelos do sol. Corajoso, valente, audaz, representa bem o branco conquistador, que se impôs aos índios na colonização do Brasil.

3) Araquém - pai de Iracema, pajé da tribo tabajara, tinha os olhos cavos e rugas profundas, compridos e raros cabelos brancos. Era um grande conselheiro, tinha o dom da sabedoria e da liderança.

4) Andira - irmão do pajé Araquém. Provou ser um grande e impetuoso guerreiro. É o velho herói. É feroz Andira que bebeu mais sangue na guerra que beberam já tantos guerreiros. Ele viu muitos combates na vida, escapelou muitos pitiguaras. Nunca temeu o inimigo. Seu nome significa "morcego".

5) Caubi - irmão de Iracema. Tinha o ouvido sutil, era capaz de pressentir a boicininga (cascavel) entre rumores da mata; tinha o olhar que melhor vê nas trevas. Era bom caçador, corajoso, guerreiro destemido que não guardou rancor da irmã, indo visitá-la na sua choupana distante.

6) Irapuã - chefe dos tabajaras, manhoso, traiçoeiro, ciumento, corajoso, valente, um grande guerreiro. Estava sempre lembrando a Iracema sobre a necessidade de se conservar virgem, pois ela guardava o segredo de Jurema. O seu nome significa "mel redondo". De certa forma, Irapuã representa, com sua oposição, um esforço no sentimento de guardar e preservar as tradições indígenas.

7) Poti - guerreiro destemido, irmão do chefe dos pitiguaras. Prudente, valente, audaz, livre, ligeiro e muito vivo. Tinha uma grande amizade por Martim a quem considerava irmão e de quem era aliado.

8) Jacaúna - o grande Jacaúna, o chefe dos pitiguaras, senhor das praias do mar. O seu colar de guerra, com os dentes dos inimigos vencidos, era um brasão e troféu de valentia. Era corajoso, exímio guerreiro, forte. Seu nome tem o significado de "jacarandá-preto".

9) Batuireté - avô de Poti, maior chefe. Tinha a cabeça nua de cabelos, cheio de rugas, Morava numa cabana na Serra do Maranguab (sabedor de guerra). Batuireté significa "valente nadador".

10) Jatobá - pai de Poti. Conduziu os pitiguaras a muitas vitórias. Robusto e valente.

11) Moacir - o nascido do sofrimento, o "filho da dor". É, na alegoria de Alencar, o primeiro brasileiro - fruto da união do branco com o índio. Mal nasceu, já exilava da terra que o gerou. Estaria nisso a predestinação errante da gente nordestina?

LINGUAGEM

1)Embora seja ainda de linha acadêmica, a linguagem de Iracema vem perpassada de um tom bem brasileiro; não só o farto vocabulário indígena o exemplifica, como também muitas construções sintáticas que revelam bem o jeito brasileiro de usar a língua portuguesa.

2) Destaca-se também, na linguagem de Iracema, o gosto por comparações com elementos do mundo focalizado pelo autor e que se casa bem com a postura selvagem do índio, que vive integrado na natureza. Esse recurso é freqüente livro, e não são poucas as passagens como esta: "O guerreiro pitiguara é a ema que voa sobre a terra".

3) O estilo de Alencar sempre primou pela exuberância do descritivismo, que se revela pela adjetivação fértil e colorida. Dono de uma imaginação prodigiosa, Alencar sabe rechear um texto de adjetivos e matizes que dão impressão de um quadro.

4) Dado o caráter poético da linguagem utilizada, Iracema é um romance quase poesia. A linguagem chega a aparecer ingênua, exatamente porque o autor quer captar o mundo selvagem do índio como ele é: a sua maneira de pensar e exprimir, as suas imagens poéticas, a sua visão das coisas. Em suma, em Iracema, Alencar procura adequar a linguagem ao mundo

focalizado.

5) Chamado de "poema em prosa" pela crítica, dado o ritmo e cadência de Iracema, mais de um autor procurou demonstrar o caráter de poesia do livro. Realmente, sobretudo a belíssima abertura do livro é marcada por um ritmo cadenciado, podendo as palavras ser distribuídas em versos de um poema tradicional:

Verdes mares bravios (6 sílabas)

de minha terra natal, (7)

onde canta a jandaia(6)

nas frondes da carnaúba; (7)

Verdes mares que brilhais (7)

como líquida esmeralda (7)

aos rios do sol nascente, (7)

perlongando as alvas praias (7)

ensombradas de coqueiros; (7)

Serenai, verdes mares, (6)

e alisai docemente (6)

a vaga impetuosa, (6)

para que o barco aventureiro (8)

manso resvale à flor das águas.” (8)

ASPECTOS TEMÁTICOS MARCANTES

1) Um dos propósitos de Alencar, ao conceber Iracema, foi, sem dúvida, mostrar como se deu a formação do Ceará, seu Estado natal - a terra onde "canta a jandaia", como significa "Ceará" ao pé da letra, e explica o autor: "Ceará é nome composto de cemo - cantar forte, calmar, e ara - pequena arara ou periquito".

Como se viu pelo enredo, Moacir, filho do cruzamento do branco (Martim) com o índio (Iracema), é o "primeiro cearense". A conquista da terra pelo branco, ocorrida nos primórdios do século XVII, deu-se através de lutas sangrentas em que os portugueses contaram com a valiosa ajuda dos índios pitiguaras, que habitavam o litoral.

2) Ao retratar o mundo selvagem e primitivo dos índios, Alencar reveste a sua prosa de um tom poético e ingênuo, , tentando, assim dar uma visão da realidade focalizada a partir da ótica do índio: as imagens, as comparações, a forma de exprimir mostram o índio integrado no seu “habitat” natural e como que sugerem o nascimento de um mundo novo; penetrando nas entranhas da terra virgem e selvagem, o branco conquistador iria fazer brotar uma nova raça.

3) Conforme vem explicado em “Literatura comentada”(“Abril Educação”), “todas as imagens de que Alencar se utiliza para se referir a Iracema são retiradas da natureza local, identificando Iracema claramente com essa natureza, fazendo-a símbolo do Brasil e, por extensão, da América. Um crítico já observou que Iracema é anagrama da América, isto é, Iracema tem exatamente as mesmas letras de América, só que em outra ordem. Assim, simbolicamente, a morte da índia, no final da estória, pode representar a aniquilação da cultura nativa pela invasora que conquista domina a terra”.

4) Apresentando o índio integrado de forma harmoniosa à natureza, como é comum na visão romântica, Alencar, obviamente filtrando a realidade pela ótica do português, não mostra claramente a ação devastadora do conquistador branco. Conforme observa Zenir Campos Reis, da USP, “Martim, o guerreiro do mar, vai pertubar a harmonia do índio no seu habitat natural. Seus silêncios encobriam a palavra domínio. Para ele, a adesão à terra não podia ser senão momentânea. Seu objetivo era subjugá-la, pela sedução ou pela violência. Ele era o primeiro agente de um processo de corrosão lento e insinuante, violento às vezes, que se chamou, sucessivamente, catequese, progresso, desenvolvimento.”

5) De sentido igualmente simbólico se reveste a oposição de Irapuã ao hóspede branco, protegido por Araquém (Martim). Ao opor-se a ele, o guerreiro tabajara não quer defender o amor que nutria pela virgem dos lábios de mel; sua resistência é, antes, em defesa da preservação da cultura indígena e do “segredo de Jurema”. Do qual Iracema era guardiã. Violada a sua virgindade pelo invasor branco, fatalmente as tribos seriam dizimadas e aniquiladas.

Assim, embora possa parecer o “vilão da estória”, opondo-se a Martim, o

gesto de Irapuã reveste-se de nobreza e grandeza, pois outro lado, a conduta de Iracema (e também Poti), que se aliam ao conquistador branco, é passível de condenação. Como se viu, Iracema morre, desfigurada pela dor e pelo estrangulamento cultural; Poti, descaracterizado e tornado cristão, recebe o batismo de gente civilizada e passa a se chamar Antônio Felipe Camarão...

Videozinho

Auto da Barca do Inferno (Gil Vicente )

Definição de auto: designação genérica para peças cuja finalidade é tanto divertir quanto instruir; seus temas, podendo ser religiosos ou profanos, ‘sérios ou cômicos, devem, no entanto, guardar um profundo sentido moralizador.

O teatro vicentino não foi escrito em prosa, mas em versos. Por isso é poético. Adotava, predominantemente, o verso redondilho (maior ou menor), de origem popular e medieval. Possui muitas ressonâncias no Brasil, dentre os quais se destacam as peças didáticas de José de Anchieta (segunda metade do século XVI), Morte e Vida Severina (1956), de João Cabral de Melo Neto, e o Auto da Compadecida (1959), de Ariano Suassuna.

Pequeno resumo

Auto da Barca do Inferno é um auto onde o barqueiro do inferno e o do céu esperam à margem os condenados e os agraciados. Os que morrem chegam e são acusados pelo Diabo e pelo Anjo, ma apenas o Anjo absolve.

O primeiro a chegar é um Fidalgo, a seguida um agiota, um Parvo (bobo), um sapateiro, um frade, uma cafetina, um judeu, um juiz, um promotor, um enforcado e quatro cavaleiros. Um a um eles aproximam-se do Diabo, carregando o que na vida lhes pesou. Perguntam para onde vai a barca; ao saber que vai para o inferno ficam horrorizados e se dizem merecedores do Céu. Aproximam-se então do Anjo que os condena ao inferno por seus pecados.

O Fidalgo, o Onzeneiro (agiota), o Sapateiro, o Frade (e sua amante), a Alcoviteira Brísida Vaz (cafetina e bruxa), o judeu, o Corregedor (juiz), o Procurador (promotor) e o enforcado são todos condenados ao inferno por seus pecados, que achavam pouco ou compensados por visitas a Igreja e esmolas. Apenas o Parvo é absolvido pelo Anjo. Os cavaleiros sequer são acusados, pois deram a vida pela Igreja.

O texto do Auto é escrito em versos rimados, fundindo poesia e teatro, fazendo com que o texto, cheio de ironia, trocadilhos, metáforas e ritmo, flua naturalmente. Faz parte da trilogia dos Autos da Barca (do Inferno, do Purgatório, do Céu).

Movimento literário: Humanismo (Portugal)

Características:

Estilo: obra escrita em versos heptassílabos, em tom coloquial e com intenção marcadamente doutrinária, fundindo em algumas passagens o português, o latim e o espanhol. Cada personagem apresenta, através da fala, traços que denunciam sua condição social.

Estrutura: peça teatral em um único ato, subdividido em cenas marcadas pelos diálogos que o Anjo ou o Diabo travam com os personagens.

Cenário: um ancoradouro, no qual estão atracadas duas vbarcas. Todos os mortos, necessariamente, têm de passar por esta paragem, sendo julgados e condenados ou à b arca da Glória ou à barca do Inferno.

Analisando personagens

Fidalgo: representa a nobreza, que chega com um pajem, uma roupagem exagerada e uma cadeira de espaldar, elementos característicos de seu status social. O diabo alega que o Fidalgo o acompanhará por ter tido uma vida de luxúria e de pecados. Ao Fidalgo, nada lhe valem as “compras” de indulgências, ou orações encomendadas. A crítica à nobreza é centrada nos dois principais defeitos humanos: o orgulho e a prática da tirania.

Onzeneiro: o segundo personagem a ser inquirido é o Onzeneiro, usuário que ao chegar à barca do Diabo descobre que seu rico dinheiro ficara em terra. Utilizando o pretexto de ir buscar o dinheiro, tenta convencer o Diabo a deixá-lo retornar, mas acaba cedendo às exigências do julgamento.

Parvo: um dos poucos a não ser condenado ao Inferno. O Parvo chega desprovido de tudo, é simples, sem malícia e consegue driblar o Diabo, e até injuriá-lo. Ao passar pela barca do Anjo, diz ser ninguém. Por sua humildade e por seus verdadeiros valores, é conduzido ao Paraíso.

Sapateiro: representante dos mestres de ofício, que chega à embarcação do Diabo carregando seu instrumento de trabalho, o aventar e as formas. Engana na vida e procura enganar o Diabo, que espertamente não se deixa levar por seus artifícios.

Frade: como todos os representantes do clero, focalizados por Gil Vicente, o Frade é alegre, cantante, bom dançarino e mau-caráter. Acompanhado de sua amante, o Frade acredita que por ter rezado e estar a serviço da fé, deveria ser perdoado de seus pecados mundanos, mas contra suas expectativas, é condenado ao fogo do inferno. Deve-se desar que Gil Vicente desfecha ardorosa crítica ao clero, acreditando-o incapaz de pregar as três coisas mais simples: a paz, a verdade e a fé.

Brísida Vaz: misto de alcoviteira e feiticeira. Por sua devassidão e falta de escrúpulos, é condenada. Personagem interessante que faz o público leitor conhecer a qualidade moral de outros personagens que com ela se relacionaram.

Judeu: entra acompanhado de seu bode. Deplorado por todos, até mesmo pelo Diabo que quase se recusa a levá-lo, é igualmente condenado, inclusive por não seguir os preceitos religiosos da fé cristã. Bom lembrar que, durante o reinado de D. Manuel, houve uma perseguição aos judeus visando à sua expulsão do território português; alguns se foram, carregando grandes fortunas; outros, converteram-se ao cristianismo, sendo tachados cristãos novos.

Corregedor e o Procurador: ambos representantes do judiciário. Juiz e advogado deviam ser exemplos de bom comportamento e acabam sendo condenados justamente por serem tão imorais quanto os mais imorais dos mortais, manipulando a justiça de acordo com as propinas recebidas.

Enforcado: chega ao batel, acredita ter o perdão garantido: seu julgamento terreno e posterior condenação à morte o teriam redimido de seus pecados, mas é condenado também a ir para o Inferno.

Cavaleiros: finalmente chegam à barca quatro cavaleiros cruza

dos, que lutam pelo triunfo da fé cristã e morrem em poder dos mouros. Obviamente, com uma ficha impecável, serão todos julgados e perdoados.

Cada um dos personagens focalizados adentram a morte com seus instrumentos terrenos, são venais, inconscientes e por causa de seus pecados não atingem a Glória, a salvação eterna. Destaque deve ser feito à figura do Diabo, personagem vigorosa que conhece a arte de persuadir, é ágil no ataque, zomba, retruca, argumenta e penetra nas consciências humanas. Ao Diabo cabe denunciar os vícios e as fraquezas, sendo o personagem mais importante na crítica que Gil Vicente tece de sua época.

Novidades

Aos Meus queridos Aluninhos que estão prestando vestibular em São Paulo, vou fazer algumas postagens relativos aos livros das listas Fuvest/Unicam 2010...
Boa Leitura

domingo, 24 de maio de 2009

Termos acessórios da oração e vocativo

Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais, explicativos, circunstanciais.

São termos acessórios o adjunto adverbial, adjunto adnominal e o aposto.

O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância do processo verbal, ou intensifica o sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exercer o papel de adjunto adverbial.

Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.

As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto adverbial são:

* acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço.
* afirmação: Sim, realmente irei partir.
* assunto: Falavam sobre futebol.
* causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede... são tantas vezes gestos naturais.
* companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas.
* concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.
* conformidade: Fez tudo conforme o combinado.
* dúvida: Talvez nos deixem entrar.
* fim: Estudou para o exame.
* freqüência: Sempre aparecia por lá.
* instrumento: Fez o corte com a faca.
* intensidade: Corria bastante.
* limite: Andava atabalhoado do quarto à sala.
* lugar: Vou à cidade.
* matéria: Compunha-se de substâncias estranhas.
* meio: Viajarei de trem.
* modo: Foram recrutados a dedo.
* negação: Não há ninguém que mereça.
* preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbitantes.
* substituição ou troca: Abandonou suas convicções por privilégios econômicos.
* tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo.

O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, especifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.

O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substantivo a que se refere, sem participação do verbo.

Já o predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.

O poeta português deixou uma obra originalíssima.

O poeta deixou-a.

O poeta português deixou uma obra inacabada.

O poeta deixou-a inacabada.

Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se apenas ao substantivo.

O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, desenvolver ou resumir a idéia contida num termo que exerça qualquer função sintática.

Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.

Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo que se relaciona porque poderia substituí-lo:

Segunda-feira passei o dia mal-humorado.

O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na oração, em:

a) explicativo: A lingüística, ciência das línguas humanas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.

b) enumerativo: A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, arte, ação.

c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo isso forma o carnaval.

d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.

Além desses, há o aposto especificativo, que difere dos demais por não ser marcado por sinais de pontuação (dois-pontos ou vírgula).

A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.

O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.

A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas esse papel na linguagem.

Termos integrantes da oração:

Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o complemento nominal são chamados termos integrantes da oração.

Os complementos verbais integram o sentido do verbos transitivos, com eles formando unidades significativas. Esses verbos podem se relacionar com seus complementos diretamente, sem a presença de preposição ou indiretamente, por intermédio de preposição.

O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao verbo.

a) Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;

b) Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;

c) Dou-lhes três.

d) Buscamos incessantemente o Belo;

e) Houve muita confusão na partida final.

O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:

a) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes a pessoas:

a.1) Amar a Deus;

a.2) Adorar a Xangô;

a.3) Estimar aos pais.

b) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de tratamento:

b.1) Não excluo a ninguém;

b.2) Não quero cansar a Vossa Senhoria.

c) para evitar ambigüidade:

Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria outra)

d) com pronomes oblíquos tônicos (preposição obrigatória):

Nem ele entende a nós, nem nós a ele.

O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.

a) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;

b) Os homens pedem-lhes amor sincero;

c) Gosto de música popular brasileira.

O termo que integra o sentido de um nome chama-se complemento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome que completa por intermédio de preposição:

a) Desenvolvemos profundo respeito à arte;

b) A arte é necessária à vida;

c) Tenho-lhe profundo respeito.

Os nomes que se fazem acompanhar de complemento nominal pertencem a dois grupos:

a) substantivos, adjetivos ou advérbios derivados de verbos transitivos,

b) adjetivos transitivos e seus derivados.

Termos essenciais da oração

Chamamos de termos essenciais da oração aqueles compõem a estrutura básica da oração, ou seja, que são necessários para que a oração tenha significado. São eles: sujeito e predicado.



Encontramos diversas definições do que vem a ser sujeito, tais como:

* Sujeito é o elemento do qual se diz alguma coisa.
* Sujeito é o ser que pratica ou recebe a ação que o verbo expressa.

Já sobre predicado podemos dizer que é aquilo que se diz sobre o sujeito.



No decorrer deste tutorial veremos a classificação e os tipos de sujeito e predicado.


SUJEITO


NÚCLEO DO SUJEITO



É a palavra (substantivo ou pronome) que realmente indica a função sintática que está exercendo.



Exemplo: O computador travou novamente.

Núcleo



A lâmpada está queimada.

Núcleo


TIPOS DE SUJEITO



O sujeito pode ser:


DETERMINADO



O sujeito é determinado quando é facilmente apontado na oração e subdivide-se em: simples e composto.



a) SIMPLES à quando possui um único núcleo.



Exemplo: o menino quebrou a janela.

Núcleo



Olga aprendeu a tocar violão.

Núcleo



b) COMPOSTO à apresenta dois ou mais núcleos.



Exemplo: Do Carmo e Dirceu cambaleavam pela rua.

Núcleo



O Windows e o Linux disputam o mercado de informática.

Núcleo



c) IMPLÍCITO à quando podemos identifica-lo através da desinência verbal.



Exemplo: (eu) Pintei algumas camisas.



(nós) Viajaremos para São Paulo.


INDETERMINADO



Quando não é possível determina-lo na oração.



O sujeito indeterminado apresenta-se de duas maneiras:

1. verbo na 3ª pessoa do plural, sem a existência de outro elemento que exija essa flexão do verbo.
2. verbo na 3ª pessoa do singular acompanhado do pronome SE.

Exemplo: Maria, falaram de você na festa.

Mandaram o pintor concluir o serviço.

Precisa-se de costureiras.


ORAÇÕES SEM SUJEITO



São orações constituídas apenas pelo predicado, pois a informação fornecida não se refere a nenhum sujeito. As principais são:

1. verbos que exprimem fenômenos da natureza: chover, trovejar, nevar, anoitecer, amanhecer, etc.



Exemplo: Choveu muito hoje pela manhã.

Nevou bastante durante o inverno.


2. o verbo haver no sentido de existir ou indicação de tempo transcorrido.



Exemplo: Houve sérios problemas na rede da empresa.

Há vários anos não viajamos juntos.


3. verbo fazer, ser e estar indicando tempo transcorrido ou tempo que indique fenômeno da natureza.



Exemplo: Faz duas semanas que não viajamos.

Está muito quente hoje.

Era noite quando ele chegou.

Observações:

1. o verbo SER, impessoal, concorda com o predicativo, podendo aparecer na 3ª pessoa do plural.



Exemplo: São oito horas da manhã.

É uma hora da tarde.


2. os verbos que indicam fenômenos da natureza, quando usados em sentido conotativo (figurado) deixam de ser impessoais.



Exemplo: Amanheci indisposto.

Choveram reclamações sobre as operadoras de telefonia.


3. quando um pronome indefinido representa o sujeito ele deve ser classificado como determinado.



Exemplo: Alguém pegou a minha borracha.

Ninguém ligou hoje.

PREDICADO



O predicado é aquilo que se comenta sobre o sujeito. Para estuda-lo é necessário conhecer o verbo que forma o predicado. Quanto a predicação os verbos podem ser classificados como: intransitivos, transitivos e de ligação.


VERBO INTRANSITIVO



São verbos que não exigem complemento, pois têm sentido completo.



Exemplo: A menina caiu.

V.I

O computador quebrou.

V.I


VERBO TRANSITIVO



São verbos que exigem complemento e se dividem em: transitivo direto, transitivo indireto e transitivo direto e indireto.


TRANSITIVO DIRETO



Não exigem preposição, ligando-se diretamente ao seu complemento, chamado objeto direto.



Exemplo: As empresas tiveram prejuízos.

VTD

Luíza comprou doce.

VTD


TRANSITIVO INDIRETO



Exigem preposição, ligando-se indiretamente ao seu complemento, chamado de objeto indireto.



Exemplo: Gustavo gosta de chocolate.

VTI

Nós precisamos de melhores salários.

VTI


TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO



Exigem os dois complementos – objeto direto e objeto indireto – ao mesmo tempo.



Exemplo: Alan pediu um carro ao pai.

VTDI

Os alunos receberam elogios de seus professores.

VTDI

VERBOS DE LIGAÇÃO



São verbos que expressam estado ou mudança de estado e ligam o sujeito ao predicativo.



Exemplo: Os alunos permaneceram na sala.

VL

O computador é antigo.

VL



O verbo de ligação pode expressar:

1. estado permanente: expressa o que é habitual, o que não se modifica. Verbos SER e VIVER.



Exemplo: Anita é bonita.


2. estado transitório: expressa o que é passageiro. Verbos ESTAR, ANDAR, ACHAR-SE, ENCONTRAR-SE.



Exemplo: Antônio anda preocupado.

A criança está doente.


3. mudança de estado: revela transformação. Verbos FICAR, TORNAR-SE, ACABAR, CAIR, METER-SE.



Exemplo: A pintura ficou bonita


4. continuação de estado: Verbos CONTINUAR, PERMANECER.



Exemplo: O computador permaneceu desligado.

José continua febril.


5. estado aparente: VERBO PARECER.



Exemplo: A sobremesa parece saborosa.

TIPOS DE PREDICADO



Há três tipos de predicado: predicado nominal, predicado verbal e predicado verbo-nominal.


PREDICADO NOMINAL



Expressa o estado do sujeito. O verbo é de ligação.



Exemplo: O dia continua quente.

PREDICADO

Todos permaneciam apreensivos.

PREDICADO



Observação: o núcleo do predicado nominal é chamado predicativo do sujeito, pois atribui qualidade ou condição.


PREDICADO VERBAL



Expressa a ação praticada ou recebida pelo sujeito.



Exemplo: Os professores receberam o prêmio.

PREDICADO



Observação: o núcleo do predicado verbal é o verbo, pois sua mensagem principal é a ação praticada ou recebida pelo sujeito.



Exemplo: Os trabalhadores exigem melhores condições de trabalho.

PREDICADO


PREDICADO VERBO-NOMINAL



Informa a ação e o estado do sujeito.



Exemplo: Nós chegamos cansados.

AÇÃO ESTADO



Cândida retornou feliz da viagem.

AÇÃO ESTADO



Observação: o predicado verbo-nominal é constituído de dois núcleos – um verbo e um nome – porque fornece duas informações: ação e estado.



Exemplo: O comprador saiu da loja estressado.



A criança dormia tranqüila.

terça-feira, 24 de março de 2009

REGRAS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA

O português, assim como outras línguas neolatinas, apresenta acento gráfico. Vimos anteriormente que toda palavra da língua portuguesa de duas ou mais sílabas possui uma sílaba tônica. Observe as sílabas tônicas das palavras arte, gentil, táxi e mocotó. Você constatou que a tonicidade recai sobre a sílaba inicial em arte, a final em gentil, a inicial em táxi e a final em mocotó. Além disso, você notou que a sílaba tônica nem sempre recebe acento gráfico. Portanto, todas as palavras com duas ou mais sílabas terão acento tônico, mas nem sempre terão acento gráfico. A tonicidade está para a oralidade (fala) assim como o acento gráfico está para a escrita (grafia).

Oxítonas

1. São assinaladas com acento agudo as palavras oxítonas que terminam em a, e e o abertos, e com acento circunflexo as que terminam em e e o fechados, seguidos ou não de s:

a já, cajá, vatapá

as ás, ananás, mafuás

e fé, café, jacaré

es pés, pajés, pontapés

o pó, cipó, mocotó

os nós, sós, retrós

e crê, dendê, vê

es freguês, inglês, lês

o avô, bordô, metrô

os bisavôs, borderôs, propôs

NOTA
Incluem-se nesta regra os infinitivos seguidos dos pronomes oblíquos lo, la, los, las: dá-lo, matá-los, vendê-la, fê-las, compô-lo, pô-los etc.

OBSERVAÇÃO: Nunca se acentuam: (a) as oxítonas terminadas em i e u, e em consoantes - ali, caqui, rubi, bambu, rebu, urubu, sutil, clamor etc.; (b) os infinitivos em i, seguidos dos pronomes oblíquos lo, la, los, las - fi-lo, puni-la, reduzi-los, feri-las.


2. Acentuam-se sempre as oxítonas de duas ou mais sílabas terminadas em -em e -ens:
alguém, armazém, também, conténs, parabéns, vinténs.


Paroxítonas

Assinalam-se com acento agudo ou circunflexo as paroxítonas terminadas em:

i dândi, júri, táxi

is lápis, tênis, Clóvis

ã/ãs ímã, órfã, ímãs

ão/ãos bênção, órfão, órgãos

us bônus, ônus, vírus

l amável, fácil, imóvel

um/uns álbum, médium, álbuns

n albúmen, hífen, Nílton

ps bíceps, fórceps, tríceps

r César, mártir, revólver

x fênix, látex, tórax

NOTAS
a) O substantivo éden faz o plural edens, sem o acento gráfico.
b) Os prefixos anti-, inter-, semi- e super-, embora paroxítonos, não são acentuados graficamente: anti-rábico, anti-séptico, inter-humano, inter-racial, semi-árido, semi-selvagem, super-homem, super-requintado.
c) Não se acentuam graficamente as paroxítonas apenas porque apresentam vogais tônicas abertas ou fechadas: espelho, famosa, medo, ontem, socorro, pires, tela etc.


Proparoxítonas

Todas as proparoxítonas são acentuadas graficamente: abóbora, bússola, cântaro, dúvida, líquido, mérito, nórdico, política, relâmpago, têmpora etc.


Casos especiais

1. Acentuam-se sempre os ditongos tônicos abertos éi, éu, ói: boléia, fiéis, idéia, céu, chapéu, véu, apóio, herói, caracóis etc.


2. Acentuam-se sempre o i e o u tônicos dos hiatos, quando estes formam sílabas sozinhas ou são seguidos de s: aí, balaústre, baú, egoísta, faísca, heroína, saída, saúde, viúvo, etc.


3. Acentua-se com acento circunflexo o primeiro o do hiato ôo, seguido ou não de s: abençôo, enjôo, corôo, perdôo, vôos etc.


4. Mantém-se o acento circunflexo do singular crê, dê, lê, vê nas formas do plural desses verbos - crêem, dêem, lêem, vêem - e de seus compostos - descrêem, desdêem, relêem, revêem etc.


5. Acentua-se com acento agudo o u tônico pronunciado precedido de g ou q e seguido de e ou i, com ou sem s: argúi, argúis, averigúe, averigúes, obliqúe, obliqúes etc.


6. Acentuam-se graficamente as palavras terminadas em ditongo oral átono, seguido ou não de s: área, ágeis, importância, jóquei, lírios, mágoa, extemporâneo, régua, tênue, túneis etc.


7. Emprega-se o trema no u que se pronuncia depois de g ou q, sempre que for seguido de e ou i: agüentar, argüição, ungüento, eloqüência, freqüente, tranqüilizante etc.


8. Emprega-se o til para indicar a nasalização de vogais: afã, coração, devoções, maçã, relação etc.


Acento diferencial

O acento diferencial é utilizado para distingüir uma palavra de outra que se grafa de igual maneira. Usamos o acento diferencial - agudo ou circunflexo - nos vocábulos da coluna esquerda para diferenciar dos da direita:

côa/côas
(verbo coar) coa/coas
(com + a/as)
pára
(3.ª pessoa do sing. do pres. do ind. de parar) para
(preposição)
péla/pélas e péla
(verbo pelar e subst.) pela/pelas
(per + a/as)
pêlo/pêlos e pélo
(subst. e verbo pelar) pelo/pelos
(per + o/os)
péra
(arcaísmo-subst. pedra) pera
(arcaísmo-prep. para)
pêra
(subst. fruto da pereira) pera
(arcaísmo-prep. para)
pôde
(pret. perf. do ind. de poder) pode
(pres. do ind. de poder)
pólo/pólos
(subst. eixo em torno do qual uma coisa gira) polo/polos
(aglutinação da prep. por e dos arts. arcaicos lo/las)

pôr
(verbo)
por
(preposição)


Boa Leitura
Um abraço

domingo, 25 de janeiro de 2009

Para meus Aluninhos do ensino Fundamental interessados em fazer algo da vida no colegial, vai uma lista de Cursos Técnicos

Cursos Técnicos e onde estudar gratuitamente


Administração:
ETEs Albert Einstein, Prof. Aprígio Gonzaga, Prof. Camargo Aranha, Etesp, ETE de Guaianases, Guaracy Silveira, Horácio Augusto da Silveira, João Rocha Mendes, Martin Luther King, Zona Leste, Zona Sul e ExtensÃo“ Brasilãndia (ETE Albert Einstein).

Automação Industrial:


ETE Getúlio Vargas e Etesp.

Automação Predial:


ETE João Rocha Mendes.

Automobilística:


ETE Martin Luther King.

Desenho de Construção Civil:


Etesp.

Desenho de Projetos de Mecãnica:


ETE Prof. Apri­gio Gonzaga.

Design de Interiores:


ETEs Albert Einstein, Carlos de Campos e Getúlio Vargas.

Design Gráfico:


ETEs Carlos de Campos e João Rocha Mendes.

Edificações:


Cefet-SP (Habilitação em Planejamento e Projeto ou Gerenciamento de Execusão de Obras) e nas ETEs: Carlos de Campos, Getúlio Vargas, Guaianases, Etesp e Guaracy Silveira.

Eletroeletronica:


ETE João Rocha Mendes.

Eletronica:


Cefet-SP e nas ETEs: Albert Einstein, Prof. Aprígio Gonzaga, Etesp, Getúlio Vargas, Guaianases, Guaracy Silveira, Prof. Horácio Augusto da Silveira e ETE Zona Sul.

Eletrotécnica:


ETEs Basilides de Godoy, Getúlio Vargas e José Rocha Mendes.

Enfermagem:


ETE Carlos de Campos e Extensão - Parque da Juventude (ETE São Paulo) .

Gestão Ambiental:


Etesp.

Gestão de Negócios Culturais:


Liceu de Artes e Ofícios

Gestão de Pequenos Negócios:


ETEs Camargo Aranha e Prof. Horácio Augusto da Silveira.

Gestão Empresarial:


ETE Basilides de Godoy.

Hotelaria:


ETE Albert Einstein.

Informática:


Cefet-SP (Habilitação em Programação e Desenvolvimento de Sistemas) e nas ETEs: Albert Einstein, Prof. Basilides de Godoy, Prof. Camargo Aranha, Etesp, Prof. Horácio Augusto da Silveira, Guaianases, Zona Leste, Extensão - Itaquera (ETE Martin Luther King), Extensão - Jaraguai (Prof. Basilides de Godoy) e Extensão - Parque da Juventude (Etesp).

Logística:


ETEs Prof. Horácio Augusto da Silveira e Zona Leste.

Mecãnica:


Cefet-SP (Habilitação em Planejamento e Controle da Produção) nas ETEs: Prof. Basilides de Godoy, Getúlio Vargas, Prof. Horácio Augusto da Silveira e Martin Luther King.

Mecatronica:


ETEs Prof. Basilides de Godoy, Getúlio Vargas e Martin Luther King.

Meio Ambiente:


ETE Getúlio Vargas.

Museu:


Extensão - Parque da Juventude (Etesp)

Nutrição e Dietética:


ETEs Prof. Camargo Aranha, Carlos de Campos, Getúlio Vargas e Guaianases.

Produção de Eventos Culturais e Promocionais:


Liceu de Artes e Ofí­cios.

Produção Multimí­dia:


Liceu de Artes e Ofícios.

Produtos de Design - Móveis:


ETE Guaracy Silveira.

Quí­mica:


ETE Getúlio Vargas.

Secretariado:


ETEs Albert Einstein, Prof. Aprígio Gonzaga e Prof. Camargo Aranha.

Segurança do Trabalho:


ETEs Prof. Aprígio Gonzaga, João Rocha Mendes e Martin Luther King.

Seguros:


ETE Prof. Camargo Aranha.

Serviços Judiciários:


ETE Dra. Maria Augusta Saraiva.

Telecomunicações:


Cefet-SP e ETE Getúlio Vargas.

Transporte Metropolitano sobre Pneus e Trânsito Urbano:


Etesp.

Turismo:


ETE Prof. Aprígio Gonzaga e Etesp.

Pra quem não sabe o que são Universidades públicas

As Universidades Públicas são instituições de ensino com um importante papel social: gerar e difundir conhecimento. Isto significa dizer que as universidades públicas podem e devem contribuir para o desenvolvimento da sociedade através das pesquisas que desenvolve e dos alunos que forma, esta é sua função, é com esse objetivo que ela é mantida.

O estado de São Paulo possui seis universidades públicas que oferecem cursos gratuitos de graduação e pró-graduação nas mais diversas áreas de conhecimento. Como a procura para estudar em uma universidade pública é muito grande e as vagas são poucas, para ser aluno de uma delas é preciso passar por um processo seletivo, o exame vestibular. Cada universidade tem seu próprio exame, mas no geral eles se assemelham bastante, sendo geralmente formados por provas que exigem do candidato domínio de todo o conteúdo ensinado no ensino médio, além de postura crítica, capacidade de articular idéias, raciocínio lógico. O vestibular exige muita dedicação do aluno, mas este é um esforço que vale a pena.


Veja aqui todos os cursos de graduação oferecidos pelas universidades públicas de São Paulo, dividos por área de conhecimento

Boa Leitura
Um Abraço

Lista de Universidades Públicas

Públicas

Militares

* AFA - Academia da Força Aérea
* APMBB - Academia de Polícia Militar do Barro Branco
* ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica

Estaduais

* FATECSP - Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo
* UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
* UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
* USP - Universidade de São Paulo

Federais

* CEFETSP - Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo
* UFABC - Universidade Federal do ABC
* UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos
* UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

Municipais

* CUFSA - Centro Universitário Fundação Santo André
* FDSBC - Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo
* UNITAU - Universidade de Taubaté

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Literatura Modernista Pós-Modernismo ou 3ª fase 1945 até os dias de hoje

CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS:

* A poesia renova-se.
* Surge a poesia concreta, a poesia social e a poesia praxis.
* Na prosa temos o romance e o conto em grande desenvolvimento.
* Estilo mais objetivo e maior densidade.
* Pesquisas e inovações lingüísticas.
* Complexidade psicológica.
* Tensões entre o indivíduo e a sociedade.
* Realismo fantástico.
* Regionalismo universal.

POESIA PÓS-MODERNA

I) JOÃO CABRAL DE MELO NETO

* Linguagem objetiva e seca
* Simplicidade.
* Temas sociais do Nordeste em algumas obras.
* Obras: Pedra do Sono (1942); O Engenheiro (1945); Morte e Vida Severina (1956); etc.
* Poesia sintética; objetiva; escreve como um engenheiro.

II) CONCRETISMO

* Fim do verso.
* Eliminação da sintaxe tradicional.
* Força visual das palavras.
* Nova forma de comunicação poética: o gráfico.
* Exploração de formas, cores, montagem de palavras.
* Principais Poetas: Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos.

III) FERREIRA GOULART E POESIA SOCIAL

* Luta social.
* O meio e o homem.
* Obras: A Luta Corporal (1954); Quem Matou Aparecida (1962) etc.

IV) POESIA PRAXIS

* Rompimento com o grupo dos concretistas.
* Retomada da palavra; do engajamento histórico.
* Superação da dialética de 22.
* Pesquisa de uma nova estrutura para o poema.
* Autor: Mário Chamie - Laura - Laura (1962)

PROSA PÓS-MODERNA

I) CLARICE LISPECTOR

* Aproxima-se de James Joyce, Virginia Woolf e Faulkner.
* Fluxo de consciência compondo com o enredo factual.
* Momento interior é o tema mais importante.
* Subjetividade.
* Amostras do mundo de forma metafísica.
* A exploração do eu.
* Um novo sentido de liberdade a partir da sua leitura do mundo.
* Esquema:
*

* A personagem está diante de uma situação do cotidiano.
* Acontece um evento.
* O evento lhe “ilumina” a vida: aprendizado, descoberta.
* Ocorre o desfecho: situação da vida do personagem após o evento.
* Obras:
*

* Perto do Coração Selvagem (1947) - estréia.
* O lustre (1946).
* A cidade Sitiada (1949).
* A maçã no escuro (1961).
* A Paixão Segundo GH (1961).
* A Hora da Estrela (1977), entre outras.

II) GUIMARÃES ROSA

* Aproveitamento da fala regionalista com seus arcaísmos.
* Neologismos.
* Recorrência ao grego e latim.
* Processo fonético na criação escrita.
* Além da experimentação formal, temos uma visão profunda do ser humano e suas experiências.
* Cenário: o sertão brasileiro.
* Regionalismo universalizante: a problemática atinge o homem em qualquer lugar.
* Questionamentos sobre Deus e Diabo; significado da vida e da morte; o destino.
* Obras:
*

* Sagarana (1948)
* Corpo de Baile (1956)
* Grande Sertão: Veredas (1956)
* Primeiras Estórias (1962) etc.

Boa Leitura
Grande Abraço

Literatura Modernista Modernismo 2ª fase (1930-1945)

CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS:

* Iniciou com o livro Alguma Poesia, de Carlos Drummond de Andrade.
* Aprofundou os ideais e propostas da 1ª fase.
* Verso livre.
* Poesia sintética.
* Questionamento da Realidade.
* Busca o “eu-indivíduo” e o seu “estar no mundo”.
* Investigação do papel do artista.
* Metalinguagem.
* Corrente mais intimista e espiritualizada.
* Evidencia-se a fragilidade do Eu.
* Domínio da prosa com o Romance regionalista nordestino, social e politicamente engajado.

POETAS DO MODERNISMO 2ª FASE

I - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE:

a-) Temas específicos: o indivíduo; a terra natal; a família; os amigos; o social; o amor; a própria poesia; exercícios lúdicos com a poesia; visão de existência.

b-) Características:

* 1925 - 1940: Poesia irônica; humor; saudosismo; individualismo; contempla o mundo e a si mesmo. Obras: Alguma Poesia; Brejo das Almas e Sentimento de Mundo

* 1941 - 1945: Poesia social; guerra; ditadura; denúncias; a metalinguagem.
*

Obras: A Rosa do Povo; poemas José e A Procura da Poesia.

* 1946 - 1958: Poesia metafísica; ideologia; negativismo; descrença.
*

Obras: Poesia até Agora; Claro Enigma e Fazendeiro do Ar.

* 1962 - 1968: Poesia objectual; liberdade poética; atitude lúdica; o prosaico; o irônico; poesia experimental. Obra: Lição de coisas.

* 1968 - 1987: Últimas obras: certo erotismo e ecletismo.
*

Obra: Boi tempo; entre outras.

II- CECÍLIA MEIRELES

a-) temas específicos: a solidão; o amor perdido; a saudade; o espaço; o oceano; temas históricos; a fugacidade do tempo; a fragilidade do ser humano; os desacertos dos homens; o isolamento; a sombra; o nada.

b-) Características:

* Escreve obras em poesia, prosa e também traduções.
* Influência simbolista (neo-simbolismo).
* Uso de lirismo.
* Ceticismo e melancolia.
* Musicalidade como apoio para seus lamentos.
* Versos curtos e com ritmo.
* Jogo de imagens, sons e cores.
* Subjetivismo.
* Corrente espiritualista do Modernismo.

c-) Algumas obras:

* Espectros (1919)
* Viagem (1939)
* Vaga Música (1942)
* Mar Absoluto (1945)
* Romanceiro da Inconfidência (1953)
* A Rosa (1957)
* etc.

III) VINICIUS DE MORAES

a-) Temas específicos: espiritualidade; amor platônico; amor real; a mulher; a sensualidade.

b-) Características:

* Transcendental e místico numa 1ª fase.
* Versos mais longos e melancólicos.
* Proximidade com o mundo material; 2ª fase.
* Versos mais curtos; sonetos; às vezes um modelo de Camões; versos decassílabos e alexandrinos.
* Antíteses e paradoxos.
* Letras de músicas e criação de histórias infantis.

c-) Algumas obras:

* O Caminho para a distância (1933)
* Ariana, a mulher (1936)
* Novos Poemas (1938)
* Cinco Elegias (1943)
* Arca de Noé (1970)
* etc.

PROSA DO MODERNISMO 2ª FASE

I ) JOSÉ AMÉRICO DE ALMEIDA

* A Bagaceira, 1928 ? início da corrente regionalista nordestina. Retrata a vida dos engenhos de cana-de-açúcar, os retirantes, a seca.
* Valores morais do homem nordestino.

II) RACHEL DE QUEIRÓS

* Falou do Ceará; da seca; do povo que lá vive; da Terra.
* O Quinze, 1930: o tema é a grande seca de 1915; aspecto social junto com aspecto psicológico.

III) JOSÉ LINS DO REGO

* Decadência dos engenhos desmantelados pelas usinas.
* Ciclo da cana-de-açúcar: sua vivência no engenho.
* O narrador de Menino de Engenho é o reflexo do próprio autor em alguns momentos.
* Em 1943, o autor publica Fogo Morto, sintetiza o ciclo e conta a história de um engenho chamado Santa Fé.

IV) JORGE AMADO

* Regionalismo baiano, zonas rurais do cacau e zona urbana de Salvador.
* Tipos marginalizados.
* Análise da sociedade.
* Utilização em suas obras da “fala do povo”.
*

a) Romances Proletários: mostram a vida em Salvador com um retrato social - Suor, O País do Carnaval e Capitães de
Areia.
b) Ciclo do Cacau: a vida nas fazendas nas regiões de Ilhéus e Itabuna - Cacau, Terras do Sem-Fim, São Jorge dos
Ilhéus.
c) Crônicas de Costumes e depoimentos líricos: novelas, romances com temáticas amorosas. - Mar Morto, Gabriela
Cravo e Canela, A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água.

V) GRACILIANO RAMOS

* Início do trabalho com a publicação de Caetés (1933).
* Atividades subversivas; preso político ? Memórias do Cárcere.
* Viagem aos países socialistas ? Viagem.
* Clima de tensão; relações do homem com o meio natural; meio social.
* Final trágico: o suicídio.
* O homem muitas vezes se animaliza.
* A seca, os retirantes, a vida na caatinga.
*

a) Romances em 1ª pessoa: Caetés, São Bernardo e Angústia: pesquisa da alma humana com análise da sociedade.
b) Romances em 3ª pessoa: Vidas Secas: visão distanciada da realidade com enfoque nos diversos modos de ser.
c) Autobiografias: Infância e Memórias do Cárcere: o autor problematiza a si mesmo com temática humana.

Boa Leitura
Grande Abraço